Conviver com obesidade é uma jornada desafiante, principalmente pois muitas pessoas já ouviram frases como estas:
“isso é falta de vontade”
“é só fechar a boca que emagrece”
“ela precisa usar medicamentos porque não tem força de vontade”
Apesar da obesidade ser uma doença complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, seu tratamento continua sendo desafiador. O preconceito e a visão de que emagrecer envolve apenas força de vontade atrasam o diagnóstico e o tratamento, além do intenso sofrimento que isso causa para as pessoas que convivem com excesso de peso.
Entender a gravidade e a multifatoriedade dessa doença nos leva a compreender que cada frase citada acima não passa de puro preconceito. O entendimento de que não se trata apenas de alimentação, mas também do nosso ambiente, do nível de atividade física e de sedentarismo, de genética e convívio social, nos faz compreender que todos fazemos parte do tratamento, convivendo diretamente ou não com a obesidade.
Como saber se tenho Obesidade?
A obesidade é definida como um acúmulo excessivo de gordura corporal prejudicial à saúde. Esta condição é frequentemente medida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado utilizando o peso de uma pessoa (em quilos) e altura (em metros). Um IMC de 30 ou mais é geralmente considerado obesidade e, conforme os níveis, classificamos os graus de obesidade ( grau 1, 2, 3…)
Contudo…
O diagnóstico não se baseia apenas no peso, mas em uma combinação de medidas e avaliações, uma vez que eu posso estar com IMC adequado e apresentar excesso de gordura ou com IMC elevado e apresentar níveis de gordura adequados. Os métodos mais comuns incluem:
Medidas Corporais
A medida da circunferência abdominal é outro indicador importante de risco para doenças associadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Para mulheres, uma circunferência abdominal acima de 88 cm é considerada de risco; para homens, acima de 102 cm. A avaliação de dobras cutâneas realizadas com adipômetro também são utilizadas para estimar percentuais de gordura.
Bioimpedânciometria
Exame simples e de fácil acesso que nos ajuda a compreender a composição corporal, avaliando os percentuais de massa magra e tecido gorduroso, servindo tanto para diagnóstico quando acompanhamento. Essa avaliação possibilita que o diagnóstico e tratamento da obesidade não se baseie apenas em um número na balança.
Causas para desenvolvimento de Obesidade
O ambiente em que vivemos, a sociedade que nos forma e a nossa cultura são tão responsáveis pela obesidade quanto a pessoa que convive diretamente com ela. Assim, sendo uma condição complexa e multifatorial, inúmeras são as causas, ou melhor a combinação delas, que determinam o excesso de peso. Algumas delas são:
1. Fatores Genéticos
- Histórico Familiar: Se outras pessoas na família convivem com obesidade, há uma maior probabilidade de desenvolver a condição devido a fatores genéticos.
- Genes Específicos: Alguns genes podem influenciar o armazenamento de gordura e a distribuição de gordura corporal.
2. Desequilíbrio entre Consumo e Gasto Calórico
- Dieta Rica em Calorias: Consumir alimentos ricos em calorias, gorduras e açúcares pode contribuir para o ganho de peso.
- Baixa Atividade Física: Um estilo de vida sedentário, associado de baixa ou nenhuma atividade física.
3. Fatores Psicológicos e Emocionais
- Comer por Emoção: Comer em resposta ao estresse, tristeza, tédio…
- Distúrbios Alimentares: Transtornos como a compulsão alimentar podem levar ao ganho de peso.
4. Condições Médicas
- Hipotireoidismo: pode reduzir o metabolismo e causar ganho de peso, em geral com um ganho baixo, mas que pode ser um fator adicional a todas as outras causas.
- Síndrome de Cushing: Condição rara, que causa um aumento nos níveis de cortisol, levando ao acúmulo de gordura abdominal. A síndrome é marcada por um ganho de peso acelerado e algumas características físicas específicas.
5. Uso de Medicamentos
- Corticosteroides: Uso abusivo desses medicamentos podem gerar aumento de apetite e promover o armazenamento de gordura e ganho de peso.
- Antidepressivos e Antipsicóticos: Alguns medicamentos dessas classes podem contribuir para o ganho de peso como efeito colateral.
6. Fatores Ambientais, Sociais e Econômicos: talvez os principais fatores para obesidade e sua alta prevalência
- Acesso a Alimentos Saudáveis: Pessoas com menor acesso a alimentos saudáveis podem ter uma dieta desequilibrada.
- Ambiente de Trabalho e Estilo de Vida: Trabalhos que exigem longas horas de sedentarismo, alto índice de estresse contribuem para o ganho de peso.
- Políticas Públicas: pouquíssimas são voltadas para prevenção e tratamento da obesidade.
- Marketing: mais focados para promoção de alimentos mais calóricos e hábitos mais sedentários.
- Poluição e Toxinas: Certos poluentes ambientais e toxinas podem influenciar o metabolismo e contribuir para a obesidade.
Quais os riscos de não tratar a obesidade?
Podemos ter aumento do risco de várias condições de saúde graves quando não realizamos tratamento. Algumas das complicações mais comuns incluem:
Doenças Cardiovasculares
Há uma forte associação com doenças cardíacas, incluindo hipertensão, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC). O excesso de peso aumenta a pressão sobre o coração e os vasos sanguíneos, contribuindo para o desenvolvimento dessas condições.
Diabetes
A resistência à insulina é uma complicação frequente da obesidade, levando ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Este tipo de diabetes pode causar sérios problemas de saúde, incluindo problemas renais, visuais e dores.
Problemas Respiratórios
A apneia do sono é uma condição em que a respiração para e recomeça repetidamente durante o sono, sendo comum entre pessoas que convivem com obesidade. Isso pode resultar em sono de má qualidade e cansaço/sonolência durante o dia.
Doenças Hepáticas
A doença hepática gordurosa (esteatose) é uma condição em que a gordura se acumula no fígado, podendo levar a inflamação e, eventualmente, cirrose hepática.
Problemas Ortopédicos
O excesso de peso pode sobrecarregar as articulações, especialmente os joelhos e a coluna, levando a problemas como osteoartrite e dores crônicas.
Essas complicações, somadas a possibilidade de distúrbios de imagem, baixa autoestima e limitações diversas para as atividades do dia a dia contribuem para a obesidade ser também uma importante causa de depressão.
Perguntas e Respostas sobre Obesidade
1. Qual a diferença entre sobrepeso e obesidade? O sobrepeso é definido por um IMC entre 25 e 29,9, enquanto a obesidade é definida por um IMC de 30 ou mais.
2. A genética desempenha um papel na obesidade? Sim, fatores genéticos podem influenciar o risco de desenvolver obesidade, assim como o ambiente e o estilo de vida também são determinantes cruciais.
4. A obesidade afeta a saúde mental? Sim, a obesidade pode estar associada a condições como depressão, ansiedade e baixa autoestima.
5. Quais são as opções de tratamento para a obesidade? O tratamento deve ser composto de diversas abordagens, como mudanças na dieta e exercício físico, terapia comportamental, medicação e, em alguns casos, cirurgia bariátrica.
6. É possível controlar a obesidade? Sim, com um plano de tratamento adequado, muitas pessoas conseguem perder peso e manter essa perda a longo prazo. Mas é importante lembrar que o tratamento é contínuo, não devendo ser interrompido.
9. Exercícios físicos são suficientes para tratar a obesidade? Embora importantes, exercícios físicos devem ser combinados com uma alimentação saudável e, em alguns casos, outras intervenções médicas adicionais. Isoladamente a atividade física em geral não terá efeitos significativos isoladamente na perda de peso.
Uma condição que pode afetar diversos sistemas do corpo e aumentar a predisposição para inúmeras outras doenças precisa ser abordada com seriedade, respeito e responsabilidade. Lidar com a obesidade é um desafio constante, logo quanto mais cedo compreendermos a importância de um tratamento adequado, mais eficaz serão os resultados para chegarmos em um propósito que é comum a todos: qualidade de vida e bem estar.
Uma resposta